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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os elevadores e os terramotos

Quanto mais vou percorrendo os meandros do mundo dos elevadores, mais me assusto com o que pode ser uma má escolha destes equipamentos na hora da sua definição e compra.

Apesar de termos em Portugal zonas sísmicas de grande potencial, como são os casos dos Açores, região de Lisboa e Algarve, nunca soube de qualquer elevador que tenha sido instalado tendo em conta a menor preocupação de salvaguarda anti-sísmica.

Já aqui escrevi sobre a eminente norma europeia que vai trazer alguma legislação a esse campo, mas hoje o que quero relatar são as consequências dos terramotos nos elevadores instalados.

Volto hoje ao assunto porque tomei conhecimento de um relatório de danos sofridos pelos elevadores na região de Van, na Turquia, depois do terramoto de 2011, e porque ainda está na ordem do dia o recente terramoto no Norte de Itália.

O referido relatório, que ainda apenas li na diagonal, fala essencialmente em dois problemas que ocorrem com regularidade durante os tremores de terra. O facto de que a grande maioria dos contrapesos sai das suas guias e fica em risco de colisão com a cabina, e o facto que muitos contrapesos se desmancham e deixam cair os blocos de cimento e ferro no poço do elevador.

Se o primeiro problema é de consequências muito graves se alguém resolve utilizar um elevador após um abalo, e no momento em que a cabina e o contrapeso se cruzam esses dois elementos chocam, acontece a inevitável destruição da cabina. Isto também pode acontecer se durante o tremor o elevador está em funcionamento e não existe um corte de energia imediato.

O segundo caso é muito mais grave se no momento do acidente o contrapeso estiver acima do nível da cabina. A queda de blocos de ferro ou cimento com cerca de 30 quilos sobre o tecto da cabina é garantido que provoca a perfuração do mesmo e a lesão, ou morte, dos ocupantes da mesma. Quanto mais alto for o edifício, e o contrapeso mais distante estiver da cabina, piores consequências daí poderão advir.

Mas nada do que estou aqui a relatar, que é apenas uma pequena parte do que se sabe sobre esta matéria, é desconhecido para quem trabalha em elevadores. O que me surpreende é que ainda agora se continuam a instalar nas regiões sísmicas de Portugal elevadores incapazes de garantir a mínima segurança aos seus utilizadores em caso de terramoto.

Hotéis, Hospitais, e grandes edifícios comerciais e de serviços continuam a instalar elevadores seguindo regras que são perfeitamente desadequadas às suas necessidades.

Parece que existe uma vergonha instituída de consultar quem sabe para que nos possa aconselhar no momento da tomada das nossas decisões, e ainda um dia vamos ter um grande dissabor por não termos tido um pouco mais de cuidado com isso.

Todos os dias na minha actividade profissional deparo com pessoas que sabem muito mais de elevadores do que eu. Eu é que sei muito pouco sobre o assunto. Mas se tiver dúvidas e não tiver vergonha, não hesite em consultar os nossos serviços. Quem sabe não poderá aprender alguma coisa connosco.

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