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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Alguém reconhece vantagens nos elevadores hidráulicos sobre os elevadores eléctricos?

Actualmente tenho seguido com muita regularidade alguns debates internacionais nos fóruns de elevadores.
Algumas das situações debatidas estão muito longe da realidade do parque de elevadores típico de Portugal, e por isso nunca as irei transpor para esta página que se pretende próxima da realidade do nosso país.
Outras situações enquadram-se na nossa tipificação ou apresentam antevisões que não estarão longe no que se irá passar em Portugal.
Há já uns meses largos que aparecem vozes a antever o fim dos elevadores hidráulicos a curto prazo porque na ideia dessas pessoas este tipo de equipamentos não apresenta qualquer mais-valia para quem os adquire.
Eu próprio já várias vezes que menciono a minha desconfiança por este tipo de elevadores que são mais lentos, menos sofisticados, menos fiáveis, menos ecológicos, menos económicos (em consumo) do que os elevadores eléctricos.
Em situações muito específicas este tipo de elevadores pode ter alguma aplicação. No caso de algumas modernizações, alguns elevadores panorâmicos, aparelhos com acessos a 90º, e pouco mais, esta tecnologia pode ter aplicação pontual, mas nas restantes ocasiões é como estar a instalar máquinas a vapor para fazer o papel de um TGV.
Portugal ainda é um bom reino para quem vende este tipo de tecnologia. Somos um povo pouco informado e pouco dado a ouvir os conselhos de quem sabe mais do que nós. Se alguém aparecer a dizer que não deve instalar um elevador hidráulico, vai logo aparecer alguém a dizer que essa opinião só pode vir de quem está a soldo de quem vende elevadores eléctricos.
Ando nisto há muitos anos e nunca ouvi qualquer argumento a favor dos elevadores hidráulicos que não saísse da boca de quem os vende.
Alguém isento é capaz de me dar algum argumento a favor dos hidráulicos? Era interessante conhecer uma opinião nesse campo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os consultores na área de elevadores

Há uns dias começou num dos fórum internacionais de elevadores uma discussão muito engraçada sobre o papel dos consultores na área dos elevadores.
Como seria de esperar os elementos ligados às empresas de elevadores acham que os consultores são uns mal intencionados e que apenas servem para rapinar dinheiro aos seus clientes, os consultores têm uma opinião altamente depreciativa sobre as empresas de elevadores e sobre os seus métodos para vender aos clientes aquilo que querem e não aquilo que eles precisam, e os clientes (que estão nitidamente em minoria porque por norma não estão inscritos nestes fóruns) dizem que nem lhes passa pela cabeça tomar decisões sem consultar a opinião desses consultores especializados.
O que é interessante é que esta discussão iniciou-se com uma pergunta que basicamente tentava apurar qual a quantidade de negócio que era controlada ou intermediada pelos consultores. A questão foi colocada por um inglês, mas rapidamente reuniu opiniões de diversos outros países. EUA, Malásia, Índia, e Emiratos Árabes Unidos foram algumas das proveniências de comentários que tive a oportunidade de acompanhar.
Curiosamente os argumentos de todos os lados me pareceram válidos e muito interessantes.
Em relação aos argumentos em defesa dos consultores eles são fáceis de adivinhar e óbvios em termos de avaliar as vantagens, mas houve uma opinão de um fabricante que me pareceu muito interessante.
Ele contava que um consultor tinha previsto um dado número de elevadores com umas determinadas características para um edifício de serviços. A empresa fornecedora dos elevadores considerava os equipamentos insuficientes para o edifício em questão, mas a opinião do consultor prevaleceu perante o cliente.
Com o edifício em funcionamento verificou-se que o fabricante tinha razão e que os elevadores eram insuficientes. Nessa altura já ninguém se lembrava do nome do consultor e toda a gente reclamava com o fabricante. E apesar da culpa não ser rigorosamente dele a sua imagem é que ficou manchada e o problema passou apenas a ter o seu rosto.
Mas, para mim, que há muito conheço as vantagens e desvantagens deste serviço que é a minha actual actividade profissional, o que me surpreendeu verdadeiramente nesta discussão é todos concordarem que cerca de 60% das opções de compra e modernização de elevadores passarem pelo intermédio de um consultor.
Em Portugal esse número só não é zero porque ainda aparece um ou outro negócio com apoio em consultores externos, mas no seu conjunto de certeza que não chega a 1% do negócio feito no nosso país.
Ao longo da minha vida profissional numa empresa de elevadores, e apesar de nunca ter sido comercial, vendi mais de mil elevadores, e estive envolvido em contratos de muitos mais do que isso, e nunca me apareceu nenhum negócio em que o cliente tivesse o apoio de um especialista na matéria.
Penso que também isto denota o país que somos e a forma como nos posicionamos.
Quantas vezes saí de um negócio com a consciência de que o cliente tinha comprado um produto que não era aquele que mais lhe interessava. Mesmo quando se argumentava que ele deveria ter atenção às opções, o cliente desconfiava sempre do que se dizia, e acabava por optar muitas vezes por instinto. Quantas vezes deu asneira. E era tão óbvia essa asneira.
 Mude a sua mentalidade e pergunte a quem sabe. Recorrer a um consultor é quase sempre a forma mais barata de fazer escolhas inteligentes.

domingo, 15 de abril de 2012

Bloqueadores de portas de cabina

O acto de resgatar pessoas encarceradas em cabinas de elevador tem, por vezes, consequências mais graves do que o próprio encarceramento em si.
Acontece com relativa frequência que durante o processo de resgate, por não se cumprirem as normas desse acto, haver ferimentos e acidentes que em alguns dos casos são mortais.
Os acidentes mais vulgares e com piores consequências são a queda das pessoas no poço do elevador (já em tempos escrevi sobre isto em relação aos aventais das cabinas), mas também são frequentes os cortes nas chapas das portas quando as mesmas são forçadas, pés torcidos e partidos, e esmagamento pela súbita entrada em movimento da cabina.
Em alguns pontos do Mundo, nomeadamente nos Estados Unidos, os legisladores entenderam que o local mais seguro para as pessoas se manterem neste tipo de situação é no interior das cabinas, e como tal resolveram publicar regulamentos que obrigam os elevadores a serem dotados de um mecanismo que impeça a abertura das portas de cabina quando a cabina está fora da sua zona de segurança do patamar.
A Europa (em termos gerais), até este momento, ainda se mantém de fora desta opção.
Na minha opinião este regulamento é um verdadeiro pau de dois bicos. Se por um lado vai prevenir alguns dos acidentes que descrevi anteriormente, não prevê as consequências daquilo que se tem verificado em elevadores já equipados com este sistema.
O primeiro, e mais grave, é a impossibilidade se resgatar pessoas nas cabinas dos elevadores bloqueados em edifícios em que decorrem incêndios. Pelo que li já aconteceu nos Estados Unidos um acidente mortal há cerca de 15 dias. Este sistema só pode existir em edifícios em que os elevadores estão ligados a centrais de incêndio, e que desactivam o bloqueador em caso de disparo da central. Não é isso que se verifica neste momento.
O segundo problema é a claustrofobia que afecta uma grande parte das pessoas que fica bloqueada nas cabinas dos elevadores. A minha experiência diz-me que os problemas psicológicos e o elevado sofrimento que os momentos de prisão dentro de uma cabina de elevador, podem ser muito mais lesivos para alguns passageiros que o risco diminuto de se magoarem fisicamente.  
Para que o bloqueador de portas pudesse ser aplicado num elevador, deveria ser obrigatório a verificação de 3 itens; a) que a cabina estivesse dotada de sistema de ventilação forçada, b) que o espaço na cabina por passageiro fosse o suficiente para que toda a gente se possa sentar no chão durante o período de imobilização da cabina (para isso seria necessário diminuir para metade o número de passageiros actualmente permitidos por lei, e c) que a cabina estivesse dotada obrigatoriamente de um sistema de comunicação bidireccional de voz que fizesse o disparo da chamada automaticamente quando fosse detectada a imobilização da cabina fora do nível de piso.
Com estes requisitos satisfeitos a ideia pode ser interessante para a salvaguarda da segurança dos utilizadores, mas até isso se verificar tenho muitas dúvidas quanto aos benefícios de tal dispositivo.