Pode parecer um problema menor mas toda a preparação relativa à higiene e segurança dos técnicos de manutenção termina na escolha perfeita do seu fardamento.
A profissão de técnico de elevadores é de risco, e tudo o que se possa fazer para evitar que sofram acidentes é louvável.
Apesar de ser periférica a responsabilidade que pode ser imputada ao dono de um elevador por um acidente que nele ocorra tendo por vítima um técnico, é sempre uma situação desagradável ter de viver com esse facto.
As maiores empresas de elevadores já começaram há uns anos a ter especial atenção aos acidentes com os seus técnicos, e consomem muitas centenas de horas de trabalho anual em formação de higiene e segurança.
Entretanto passaram a dedicar muito tempo com as fardas que fornecem ao seu pessoal de campo.
Bonés protectores contra pancadas, luvas de diversos tipos, óculos e tampões para os ouvidos, calçado de protecção muito cómodo, mangas com elástico para evitar a prisão nos cabos, bolsos calculados para evitar que se possa por as mãos para evitar desequilíbrios e quedas desamparadas, calças justas ao corpo do joelho para baixo, utilização de tecidos mais resistentes aos cortes e perfuração, arnês com linha de vida para trabalhos em altura, fitas de pulso para descarga de massa para quando estão a desmontar componentes electrónicos, etc., são equipamentos distribuídos para evitar acidentes.
Mas por vezes a postura dos técnicos deixa muito a desejar.
É comum ver técnicos sem farda, de cabelo muito comprido (conheci um técnico que usava rabo-de-cavalo até meio das costas), brincos e anéis, e sem usar os acessórios de segurança.
Qualquer uma destas posturas pode por em risco a sua vida, a reputação da sua entidade patronal e o sossego do dono do elevador onde ele acabará por ter um acidente.
Resolvi escrever este texto porque hoje mesmo vi um técnico de manutenção de uma pequena empresa que parecia uma anedota. Tudo nele estava errado em termos de segurança.
Acabei por não resistir e perguntei-lhe se nunca tinha tido formação de segurança. Disse-me que não, até porque era filho de um dos donos da empresa e não aceitava andar de farda. Pensei que tão culpado como ele era o pai que o deixava andar a correr um risco estúpido, e que seria muito boa ideia se os donos dos prédios passassem a verificar o estado em que se apresentam os técnicos em sua casa.
Depois pensei melhor e lembrei-me que para o dono do prédio o importante é que aquela EMA faz 5€ mais barato por mês, e se morrer lá um técnico é coisa que se vê mais tarde.
Enfim, é o Portugal dos portugueses.
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