Qualquer marca de automóveis possui uma gama diversificada de produtos que se adaptam às diversas necessidades dos seus clientes. Para um cliente que procura um pequeno citadino, nenhuma marca recomenda um todo-o-terreno, ou um furgão de mercadorias, da mesma maneira que um comprador de um táxi sai de um stand com um comercial de dois lugares ou uma pick-up de caixa aberta.
Nos elevadores passa-se exactamente a mesma coisa. As grandes marcas possuem elevadores que se adaptam ao mercado da baixa habitação (até 5 pisos), alta habitação, edifícios de comércio e serviços, centros comerciais, hospitais, estações e aeroportos, etc.
Na maior parte dos países europeus a escolha do elevador correcto para cada edifício sempre foi uma situação generalizada, mas em Portugal já era difícil aplicar este princípio.
A Madeira era um caso à parte da realidade do resto do país. Os promotores imobiliários na Madeira há muitos anos que dedicavam uma atenção especial aos elevadores que compravam para os seus prédios, e conseguiram que o parque instalado na Madeira seja invejável em relação ao resto do país.
Na parte continental do país a realidade sempre foi muito diferente. A promoção imobiliária sempre mostrou algum desprezo pelos elevadores que instalava nos seus edifícios, e a compra é sempre feita mais pelo preço do que pelas características técnicas dos equipamentos.
Um sinal disso é o completo desprezo com que os cadernos de encargos são feitos. A maior parte desses cadernos são copy/past de outros cadernos tão anacrónicos como os que daí resultam. O final é previsível; resulta a definição de um produto que na maior parte das vezes não é apropriado para o fim em questão.
Com o advento da crise este problema ainda mais se agravou. Os comerciais são tão pressionados pelos clientes para reduzir os preços que acabam por aceitar vender equipamentos que em nada se adaptam à necessidade do edifício.
Hoje em dia vejo instalar equipamentos que envergonham qualquer dos intervenientes no negócio,
Há cerca de 10 anos fui apresentado na Madeira um grande hoteleiro, que nessa altura já estava aposentado, e que quando soube que eu era o responsável por uma multinacional de elevadores na ilha me disse: “O senhor tem muita sorte por estar numa empresa como essa. Para se saber se um hotel é bom, e se os atoalhados forem de qualidade, temos de olhar para a marca das dobradiças das portas, das torneiras e dos elevadores.”
No fundo o que ele queria dizer era que um elevador bem escolhido prestigia o edifício onde está instalado, e é isso mesmo que cada vez menos se verifica nas obras actuais. Era bom que este princípio começasse a ser tido em consideração no momento da escolha dos elevadores.
Ainda nos últimos dias voltei a ver, em obras acabadas de terminar, elevadores que já não se usam há mais de 20 anos, e tecnicamente obsoletos. Infelizes daqueles que vão ter que viver com estas escolhas nos próximos anos.
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